terça-feira, 7 de agosto de 2007

DESPEDIDA

    Por mim, e por vós, e por mais aquilo que está onde as outras coisas nunca estão deixo o mar bravo e o céu tranqüilo: quero solidão. Meu caminho é sem marcos nem paisagens. 
   E como o conheces? 
  Me perguntarão: "- Por não ter palavras, por não ter imagem. Nenhum inimigo e nenhum irmão. Que procuras?"
                            "-Tudo!"
                            "- Que desejas?"
                            "- Nada!"
    Viajo sozinha com o meu coração. Não ando perdida, mas desencontrada. Levo o meu rumo na minha mão. A memória voou da minha fronte. Voou meu amor, minha imaginação ... Talvez eu morra antes do horizonte.
    Memória, amor e o resto onde estarão? Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra. (Beijo-te, corpo meu, todo desilusão! Estandarte triste de uma estranha guerra ... )

    Quero solidão!

Autor: Cecília Meireles

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